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domingo, 22 de janeiro de 2012

O Pensamento Novo - Segunda Parte

Em consideração ao comentário do Guilherme Knopak.

O que chamamos “verdade”, para mim, é um fundamento. E como todo fundamento, não se mostra, se revela. O espírito da verdade é o fundamento da verdade, revela-se pela essencialidade do pertencimento. Assim como o princípio inteligente é o fundamento do espírito. Nós não o vemos diretamente, mas ele se revela através do ser. Deus é o fundamento de todos os fundamentos. Ele não se mostra, se revela através desses fundamentos, etc.


Assim, todos temos o mesmo (rigorosamente o mesmo) fundamento. A “assinatura” do Creador está "grafada" em toda a creação (pedras, plantas, animais, homens, proto-espíritos e espíritos). Mas, pelo princípio da irredutibilidade do singular, Deus permite que cada um interaja com a essencialidade de uma maneira única, inconfundível. Assim, cada um tem um “olhar” pessoal, irredutível, sobre as mesmas coisas. Entretanto, há uma similaridade de olhares, pois, como revelações do mesmo fundamento, é como se tivéssemos todos a mesma herança genética, de um mesmo progenitor, mesmo assim não seríamos idênticos, mas semelhantes.

Analogamente, é como os filhos: têm o código genético dos mesmos pais (o mesmo fundamento, por assim dizer), mas são diferentes uns dos outros, embora parecidos. Se olharmos o conjunto, a humanidade é uma só. Mas, se olharmos cada um em particular, somos todos diferentes. Porém, ninguém confunde um ser humano com um cavalo (no sentido literal, evidentemente). Basta olhar e saberemos quem é o humano, qualquer humano que sirva de comparação.


Aqui, penso, reside o fundamento da exlética. Cada um é capaz de fazer um alcance possível da verdade. O que muda não é a verdade, mas o alcance de cada um, em face do seu pleroma. Fomos “inoculados” pelo mesmo fundamento da verdade. Contudo, cada um consegue apenas “metabolizar” aquilo que “cabe” no seu possível. Daí a necessidade permanente do segundo olhar. Quando fazemos a repristinação, estamos fazendo um segundo olhar sobre o espírito da verdade. Reprocessamos, resignificamos, aprendemos, acumulamos memória e, assim, alongamos o olhar, porque ampliamos os limites das molduras nas quais enquadramos a verdade.


A metábole, a repristinação, a singularidade, sob estas perspectivas, não têm qualquer relação com a máxima de Protágoras: “o homem é a medida de todas as coisas”. Não há uma "medidade de todas as coisas", mas um "medidor" de todas as coisas: o espírito da verdade. Mas, quem “mede” - o indivíduo – só consegue mensurar o que lhe permite o seu possível. É como se cada um, na sua singularidade, carregasse uma “trena” idêntica e com ela medisse todas as coisas. Se mil indivíduos medissem, mil resultados diversos alcançariam. E, assim, ad eternum.


Por esse prisma, talvez possamos compreender melhor porque Sócrates tanto se opôs aos sofistas. Não se opunha só por cobrarem por seus ensinamentos e preleções, mas sobretudo por expressarem, invariavelmente, apenas “aparências”. Na tentativa de relativizar o absoluto, absolutizavam o relativo, porque” aparências” são sempre relativas a quem “aparecem”. Sócrates, por sua vez, acreditava numa essencialidade por trás das aparências (ou aparições, numa linguagem fenomenológica). Em outras palavras, acreditava numa “bússola” interior que orienta a todos em meio ao nevoeiro das aparições. Penso que falava do espírito da verdade. Falava, portanto, no terceiro incluído, que está entre, através e além de todas as coisas; está em tudo e em todos, mas não se revela igualmente em tudo e em todos. Faz uma “aparição” sui generis para cada um, por assim dizer.

Aqui, entramos novamente no pensamento novo, a Transdisciplinaridade. Como nos ensina Basarab Nicolescu (O Manifesto da Transdisciplinaridade, Editora Trion), a transdisciplinaridade “é aquilo que está entre, através e além de todas as coisas”. No mais profundo do nosso ser, na essência do "ser do ser humano", que é o espírito, reside o terceiro incluído, o espírito da verdade, rigorosamente o mesmo espírito da verdade.
Portanto, podemos dizer: há justiça. Porque a verdade está em todos em geral e o seu alcance depende de cada um em particular.

Continua...

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